No dia em que eu e o Cassiano nos conhecemos (16/05/2003) conversamos sobre os anseios futuros, e o plano dele era entrar para a carreira diplomática. Quando este plano tornou-se mais próximo de se tornar possível, ele ainda tentando o concurso, despendíamos horas pesquisando sobre a carreira e todas as suas possibilidades. Em diversos fóruns de discussão a pergunta "o que fazem as esposas dos diplomatas" era frequente e nenhuma das respostas era satisfatória, precisa ou que chegasse no mínimo próximo de algo que pudesse ser visualizado com clareza. Também procurei por livros, entrevistas e etc... nada satisfatório. Restou-me viver a experiência para saber ao certo do que isso se tratava. E logo tive notícia sobre o termo Diplomatriz. Surgiu a idéia do "Diplomatrizzando"!
No primeiro momento pode parecer que o título do blog "Diplomatrizzando" é uma espécie de plágio ao blog do diplomata Paulo Roberto de Almeida http://diplomatizzando.blogspot.com/ , que trata há muitos anos e com pioneirismo sobre política, relações internacionais e demais temas socio-econômicos mundiais. Mas o título e os assuntos a serem abordados aqui pouco tem a ver com o blog do respeitado diplomata. A intenção aqui não é fazer nenhuma sátira, alusão e também não é tratar de temas das relações internacionais, por mais que eu seja diplomada nesta ciência.
Na verdade, meu primeiro contato com o termo "diplomatrizzando" se deu através do blog http://jovensdiplomatas.wordpress.com/, em um dos posts de Eduardo Mello. Posteriormente, ouvi o termo em diversas rodas de amigos, em Brasília. Não fui a fundo buscar saber quem foi o(a) criador(a) do termo - o qual interpreto resumidamente abaixo e ao longo de todo o blog. Mas fiquem à vontade para comentar e dar dicas de quem poderia ter sido o(a) gentil criador(a)!
Em suma, o termo pode ser explicado assim:
Embaixatriz - esposa do Embaixador
Diplomatriz - esposa do Diplomata
Vocês podem imaginar a dificuldade para uma mulher casada com um diplomata, formada, pós-graduada, com atividade profissional ativa e em ascensão não conseguir conciliar sua carreira e tornar-se simplesmente "esposa do diplomata"- sim, é esta a "profissão"que consta no passaporte diplomático e nos demais documentos de identificação do MRE e das demais Chancelarias mundo a fora.
Essa situação, NO MÍNIMO, representa submissão e dependência da cônjuge. Maior ainda foi meu susto (e de outras diplomatrizes) ao saber que não são todos os países em que é possível que a esposa do diplomata exerça função remunerada, apenas naqueles com os quais o Brasil possui acordo específico para isso.
A questão é ainda mais profunda que a simples descrição da profissão nos documentos oficiais, envolve auto-estima, valorização, respeito. Muitas vezes somos tratadas por alguns homens e - mais incrível e principalmente - por algumas mulheres da carreira apenas como "esposas dos diplomatas", sem nome, sem profissão e confundidas com o estereótipo da dona de casa: sem opinião crítica, sem informação, aquela que apenas sabe servir belos jantares e tomar o chá das cinco... Aquela mesma de tantas décadas passadas, por cuja libertação da opressão nossas avós e mães lutaram.
...Ou ainda pensam em nós como espécies de personagens, repetindo as conhecidas histórias de "Clarices e Marinas"... (Clarice Lispector era escritora, foi esposa de diplomata mas se divorciou e, no fim de sua vida, apresentava quadros de depressão; Marina, personagem do livro "O Punho e a Renda", cansada das badalações sociais e do descaso, buscou refúgio nas drogas).
Ser diplomatriz é estar segura das suas escolhas e ser feliz com elas; é saber de culinária, moda, arte, etiqueta, mas também de política, economia, administração, história, geografia, engenharia, nutrição, biologia... e ainda ter a capacidade de tornar as constantes mudanças mais leves e divertidas! É aquela que sabe ser feliz em qualquer lugar, independente da sua profissão, pois sabe que está cumprindo um papel importante para a família e para o país. Minha recente experiência (vou contando nos próximos posts) mostra que as(os) cônjuges que acompanham o(a) diplomata nessa carreira são essenciais para uma experiência mais completa. É aquela ou aquele que tem coragem de paralizar sua carreira e seus sonhos primários, se isso for necessário, para fazer algo tão satisfatório quanto. É fazer e refazer sonhos constantemente, sendo plena(o) e feliz com isso!
A situação pode ser ainda mais complexa se pensarmos na diversidade do tipo de relações familiares possíveis. Como ficaria no caso de ser UMA diplomata e seu marido? E no caso dos casais homossexuais? Como equilibrar família, vida pessoal e profissional? É possível fazer isso sem que alguém seja penalizado, frustrado por isso?
Aqui, quero mostrar que ser Diplomatriz é mais que simplesmente acompanhar seu marido pelo mundo, servir jantares e falar da moda parisiense. Quero mostrar que a mulher, o ser humano (em qualquer função/atividade/profissão) merece respeito e reconhecimento pelo seu papel. Seja ela presidente, diplomata ou a mesmo aquela que deixou sua vida profissional para também representar o Brasil. Que temos um papel legítimo, bonito, verdadeiro e que podemos ser felizes com nossas escolhas!
Parafraseando o discurso de formatura da Turma Milena de Medeiros 2010-2012: "Não podemos aceitar essa discrepância como dado"... [Devemos] "ser capazes de nos adaptar aos novos tempos!"
Dedico esse post às(aos) amigas(os) diplomatrizes (os): Marcelo Maio, Priscila Rocha, Taísa Felix, Lívia Bergamaschine e tantas(os) outras(os) mais!
No primeiro momento pode parecer que o título do blog "Diplomatrizzando" é uma espécie de plágio ao blog do diplomata Paulo Roberto de Almeida http://diplomatizzando.blogspot.com/ , que trata há muitos anos e com pioneirismo sobre política, relações internacionais e demais temas socio-econômicos mundiais. Mas o título e os assuntos a serem abordados aqui pouco tem a ver com o blog do respeitado diplomata. A intenção aqui não é fazer nenhuma sátira, alusão e também não é tratar de temas das relações internacionais, por mais que eu seja diplomada nesta ciência.
Na verdade, meu primeiro contato com o termo "diplomatrizzando" se deu através do blog http://jovensdiplomatas.wordpress.com/, em um dos posts de Eduardo Mello. Posteriormente, ouvi o termo em diversas rodas de amigos, em Brasília. Não fui a fundo buscar saber quem foi o(a) criador(a) do termo - o qual interpreto resumidamente abaixo e ao longo de todo o blog. Mas fiquem à vontade para comentar e dar dicas de quem poderia ter sido o(a) gentil criador(a)!
Em suma, o termo pode ser explicado assim:
Embaixatriz - esposa do Embaixador
Diplomatriz - esposa do Diplomata
Vocês podem imaginar a dificuldade para uma mulher casada com um diplomata, formada, pós-graduada, com atividade profissional ativa e em ascensão não conseguir conciliar sua carreira e tornar-se simplesmente "esposa do diplomata"- sim, é esta a "profissão"que consta no passaporte diplomático e nos demais documentos de identificação do MRE e das demais Chancelarias mundo a fora.
Essa situação, NO MÍNIMO, representa submissão e dependência da cônjuge. Maior ainda foi meu susto (e de outras diplomatrizes) ao saber que não são todos os países em que é possível que a esposa do diplomata exerça função remunerada, apenas naqueles com os quais o Brasil possui acordo específico para isso.
A questão é ainda mais profunda que a simples descrição da profissão nos documentos oficiais, envolve auto-estima, valorização, respeito. Muitas vezes somos tratadas por alguns homens e - mais incrível e principalmente - por algumas mulheres da carreira apenas como "esposas dos diplomatas", sem nome, sem profissão e confundidas com o estereótipo da dona de casa: sem opinião crítica, sem informação, aquela que apenas sabe servir belos jantares e tomar o chá das cinco... Aquela mesma de tantas décadas passadas, por cuja libertação da opressão nossas avós e mães lutaram.
...Ou ainda pensam em nós como espécies de personagens, repetindo as conhecidas histórias de "Clarices e Marinas"... (Clarice Lispector era escritora, foi esposa de diplomata mas se divorciou e, no fim de sua vida, apresentava quadros de depressão; Marina, personagem do livro "O Punho e a Renda", cansada das badalações sociais e do descaso, buscou refúgio nas drogas).
Ser diplomatriz é estar segura das suas escolhas e ser feliz com elas; é saber de culinária, moda, arte, etiqueta, mas também de política, economia, administração, história, geografia, engenharia, nutrição, biologia... e ainda ter a capacidade de tornar as constantes mudanças mais leves e divertidas! É aquela que sabe ser feliz em qualquer lugar, independente da sua profissão, pois sabe que está cumprindo um papel importante para a família e para o país. Minha recente experiência (vou contando nos próximos posts) mostra que as(os) cônjuges que acompanham o(a) diplomata nessa carreira são essenciais para uma experiência mais completa. É aquela ou aquele que tem coragem de paralizar sua carreira e seus sonhos primários, se isso for necessário, para fazer algo tão satisfatório quanto. É fazer e refazer sonhos constantemente, sendo plena(o) e feliz com isso!
A situação pode ser ainda mais complexa se pensarmos na diversidade do tipo de relações familiares possíveis. Como ficaria no caso de ser UMA diplomata e seu marido? E no caso dos casais homossexuais? Como equilibrar família, vida pessoal e profissional? É possível fazer isso sem que alguém seja penalizado, frustrado por isso?
Aqui, quero mostrar que ser Diplomatriz é mais que simplesmente acompanhar seu marido pelo mundo, servir jantares e falar da moda parisiense. Quero mostrar que a mulher, o ser humano (em qualquer função/atividade/profissão) merece respeito e reconhecimento pelo seu papel. Seja ela presidente, diplomata ou a mesmo aquela que deixou sua vida profissional para também representar o Brasil. Que temos um papel legítimo, bonito, verdadeiro e que podemos ser felizes com nossas escolhas!
Parafraseando o discurso de formatura da Turma Milena de Medeiros 2010-2012: "Não podemos aceitar essa discrepância como dado"... [Devemos] "ser capazes de nos adaptar aos novos tempos!"
Dedico esse post às(aos) amigas(os) diplomatrizes (os): Marcelo Maio, Priscila Rocha, Taísa Felix, Lívia Bergamaschine e tantas(os) outras(os) mais!
Se redefinir constantemente me lembrou do Dom Raulzito, para ele, é preferível ser uma metamorfose ambulante, parabéns pela sabedoria em escolher as palavras, em assumir sua nova posição! Felicidades hoje e sempre! rafa
ResponderExcluirOlá Celina,
ResponderExcluirParabéns pelo blog. Muito leve e divertida sua escrita.
Tomei conhecimento de seu blog através do Cassiano. Estudei com ele no JB e algum amigo em comum curtiu um comentário dele sobre seu blog no FB. Desde então, venho acompanhando e me divertindo bastante.
Parabéns novamente, diplomatriz! =D
Obrigada, pessoal! E vamos nessa, que ainda tem muita história para contar! ;)
ResponderExcluirSe esperam que uma esposa de diplomata sirva cafezinho, fico me perguntando o que esperam do marido de uma diplomata. Que sirva cerveja e comente sobre futebol? XD
ResponderExcluirAinda que incômodo, é mais ou menos natural vc virar uma sombra da pessoa. Mas, para vc próprio(a) não se sentir mal, vc deve ter, na prática, possibilidades de se virar sozinho(a). Pensemos na pior coisa que pode acontecer na vida de um casal: o término. Se isso ocorrer, vc tem que ter condições de seguir sua vida profissional sem o cônjuge. Lidando com esse fator, todo o resto é opinião alheia, é o que os outros vão pensar. E isso importa muito menos. =P
Celina!! Gostei muito do blog! Parabéns!! Eu, por exemplo, não sabia que em muitos países há restrição à atividade profissional remunerada do(a) conjuge do diplomata!! Céus!! rs Será que também funciona assim se o vínculo for com algum organismo internacional? Ou projeto cinematográfico local, mas finaciado por um outro país? Vou procurar saber mais! E saudades infinitas dos dois!! BJos alados de nós três!! :)
ResponderExcluirAnali, muito obrigada! Sei poucos detalhes sobre o assunto da impossibilidade de exercer uma atividade remunerada. Por gentileza, caso saiba maiores detalhes, nos informe! Tenho certeza de que será muito útil!
ExcluirSaudades! Um grande beijo para você, Lucas e Glorinha! ;)
Olá Celina,
ResponderExcluirMeu namorado tem planos para seguir a carreira na diplomacia, e tenho muitas dúvidas em relação isso, do que eu iria abrir mão e das novas experiências que eu viveria.
Como você mesma já comentou, é muito difícil encontrar algo sobre as mulheres de diplomatas na internet,
e estou adorando ler o seu blog! Você escreve bem, e de forma clara e simples consegues passar para nós como é viver assim.
Vou continuar acompanhando sempre, e estou quase terminando de ler todos os posts!
Parabéns pela ótima iniciativa.
Bruna.
Bruna, muito obrigada pela visita! Sempre bom receber palavras amigas!
ExcluirSobre a escolha profissional do seu namorado, eu diria para você não se preocupar! O importante é que ele seja feliz com o que optar em fazer profissionalmente e o mesmo vale para você! Não deixe de lado seus sonhos, uma carreira, uma cidade, até o momento em que você sinta que essa é a melhor decisão a ser tomada. Tudo acontece naturalmente e você vai ver que nem sempre é necessário "abrir mão", talvez você só precise se readaptar... Até lá, estude quantas línguas puder e gostar, será útil em qualquer momento! Um grande abraço!
Parabens pelo seu blog. Acabei de descobri-lo e estou me deliciando em todas as seções dele. Nada fácil a decisão de seguir o esposo/esposa nessa carreira.
ResponderExcluirParabens pelo blog!
Obrigada! Em breve pretendo retomá-lo.
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