Quem já não ouviu falar sobre o minimalismo? O minimalismo é um conceito cada vez mais explorado em todos os aspectos da vida moderna. Há uma extensa lista de livros e blogs abordando o assunto e explicando as melhores maneiras de se colocar o minimalismo em prática. Deixei algumas dicas de leitura no final do post. ;)
Há 1 ano comecei a pesquisar mais os conceitos e a tirar da cabeça a ideia de que minimalistas vivem em casas vazias e tem 5 peças de roupas. Algumas pessoas, como eu, aderem ao minimalismo de forma lenta, gradual e constante. É um exercício interno incrível e recompensador, não apenas financeiramente. Estou apenas no início da minha jornada, mas com toda certeza é um processo mais que necessário (e útil) para quem vive a organizar mudanças.
Como vivemos em diversos países em um pequeno período de tempo - em 6 anos já morei em 3 países diferentes - acabamos querendo guardar lembranças e carregar um pouco de cada lugar, não apenas na memória, mas também fisicamente. Nessa ânsia de guardar, relembrar e ter, corremos o risco de virar "acumuladores ambulantes", carregando a casa (e seus excessos) pelo mundo. Uma atitude no mínimo trabalhosa e desgastante na hora de por o novo lar em ordem, principalmente quando se tem filhos.
Além do trabalho na hora de preparar a mudança, precisamos considerar que o tamanho de uma casa na Índia não é o mesmo de uma casa no Japão, e que a voltagem (e ciclagem) de eletrodomésticos nunca é igual. Ao chegarmos no novo país, essas adaptações nos custam tempo e dinheiro. Vendemos, revendemos, compramos usados, doamos, adaptamos, convertemos, compramos, compramos, compramos... tudo para nos adaptar à nova vida e assim completar o quebra-cabeças de fazer "uma casa caber em outra", para enfim nos sentirmos no nosso lugar...
Nessas tentativas de adequar móveis, itens decorativos e, porque não, nós mesmos em diferentes culturas, acabamos acumulando uma quantidade enorme de coisas nem tão necessárias. Sim, é um processo meio louco o que passamos nessas mudanças. No entanto, acredito que, com o passar dos anos, acabamos desenvolvendo talentos para sobreviver a esse turbilhão de emoções. Não apenas aprendendo a embalar e usar métodos de organização e numeração das caixas de mudanças, mas principalmente aprendemos a lidar com o desapego - aprendendo que as melhores (e mais leves) lembranças são as que levamos no coração e na alma.
Partindo do Canadá para a Zâmbia |
Ver um container com toda a sua casa dentro e dar tchau e viver cerca de 3 meses apenas com algumas malas te obriga a viver o desapego. Perguntas como: "Será que vai chegar? Será que vai chegar inteiro? E se o navio afundar?" devem passar na cabeça de todo mundo, mas disfarçamos (nem sempre) o nervosismo e torcemos para que tudo dê certo.
Confesso que cheguei na Zâmbia bastante ansiosa pela vinda do container. Depois do nosso caminhão ter ficado preso na fronteira da Zâmbia com o Zimbábue por cerca de 15 dias, eu já estava convencida que algo ruim tinha acontecido, mas que a empresa estava enrolando o máximo possível para nos dar a má notícia. Foi tenso. E, talvez, toda essa ansiedade tenha colaborado para que eu me apaixonasse pelo minimalismo (no fim, tudo deu certo e a mudança chegou bem).
24 dias de casa vazia esperando a mudança chegar |
Cada pessoa deve encontrar sua meta em relação aos sentimentos de posse e desapego. Mesmo dentro da mesma família, cada membro tem a sua - e elas podem ser muito distintas; algumas vezes a jornada minimalista será mesmo solitária e desafiadora, sem muita ajuda do resto da família... enquanto você tenta diminuir a quantidade de sapatos, às vezes é o maridão que vai lá e compra três de uma vez só... mas o minimalismo não se resume apenas a reduzir a quantidade de coisas, é também a busca do equilíbrio, do autoconhecimento, da qualidade de vida através de escolhas conscientes, eficientes e saudáveis.
“Without grace, minimalism is another metric for perfection.”
Erin Loechner
Para inspirar:
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