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Minha Expatriação

Há quase 7 anos sou expatriada. Já foram 3 mudanças intercontinentais e começo a me preparar para a quarta. Foram 2 anos no Gabão, 3 anos no gelado Canadá e agora quase 2 anos na Zâmbia. Em breve vamos para nosso quarto país onde serão, provavelmente, mais 3 anos no exterior. 
ps: Pelas regras atuais, os diplomatas podem ficar até 10 anos no exterior, ao final desse período é mandatório o retorno ao Brasil antes de nova expatriação.

Conheci meu marido em 2003, no Encontro de Estudantes de Relações Internacionais (ENERI). Eu cursava o primeiro ano do curso de Relações Internacionais, no Centro Universitário Unibrasil, em Curitiba. O Cassiano, meu marido, cursava o segundo ano do mesmo curso, mas em outra universidade. (Depois que escrevi esse parágrafo lembrei que já tem um post sobre isso: clique aqui).

Durante a faculdade, eu e ele, fizemos estágio na New Holland, famosa montadora de tratores, que fica cerca de 20 km de distância da faculdade que eu cursava. Foi uma fase de logística muito apertada. A distância e a pressão no departamento me fizeram buscar outras oportunidades. Em 2005 estagiei em multinacional de comércio exterior e, por último, em uma conhecida consultoria de empresas, pela qual acabei indo morar em São Paulo e trabalhei até 2012 - dois meses antes de sair do Brasil.

Trabalhando em consultoria de empresas, aprendi a fazer malas. E enquanto eu descobria uma profissão e vivia as aventuras do mundo corporativo, Cassiano estudava. Em 2010 ele passou no concurso. Durante um ano precisei conciliar uma agitada agenda de trabalho com uma pós-graduação na FGV e finais de semana com ele, em Brasília. 

Em dezembro de 2011 pedi demissão e desde então sou diplomatriz, mãe, voluntária em ONGs, na escola do filho, na AFSI (Associação dos Familiares dos Servidores do Itamaraty) e, quando precisa, dou uma mãozinha nos eventos da Embaixada do Brasil

Pelo caminho descobri paixões:

Tenho vivido experiências incríveis, conhecido pessoas queridas e talentosas, lugares que enriquecem as perspectivas e equilibram as expectativas. 

E, principalmente, tenho aprendido o significado mais profundo da palavra resiliênciaque a experiência de "morar fora" nos faz "olhar para dentro" com mais frequência. 




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